2.12.09

O Gosto Amargo do Chá

O meu dia começa com uma chávena de chá (normalmente verde). Depois de almoço, outra chávena de chá e antes de dormir mais uma chávena de chá (neste caso, costuma ser uma infusão sem cafeína para manter o meu sono descansado). No inverno, o meu consumo de chá aumenta porque está frio lá fora e não há nada mais reconfortante que um chávena quente de chá.
Estava eu ontem a desfrutar do feriado debaixo de uma manta no sofá da sala quando começa na SIC Noticias uma reportagem sobre o chá (normalmente as reportagens da SIC são muito boas). Como quero ser uma consumidora informada e consciente, claro que tinha de ver Toda a Verdade: O Gosto Amargo do Chá. Realmente, este reportagem deixou-me com um gosto amargo na boca. Ver como os apanhadores de chá (sobretudo mulheres) trabalham 12 horas por dia, a carregar 18 kilos de chá às costas foi uma chávena que não estava à espera de engolir. Além das más condições de trabalho, há o uso de pesticidas sem qualquer protecção, o que tem consequências graves para a saúde e para o ambiente. No Sri Lanka há muitas pessoas que se suicidam com pesticidas, "é como ter uma arma na mesa da cozinha" dizia um dos entrevistados.
"A escravatura não acabou" digo eu.

O que é que está a ser feito para mudar essa realidade?
Há um aumento de plantações orgânicas de comércio justo. Nas plantações orgânicas não são usados pesticidas, o que melhora em muito a saúde dos trabalhadores a longo prazo. Mas o comércio justo não é assim tão justo porque as condições continua a ser terríveis, continuam os dias de trabalho de 10 horas e os muitos kilos carregados às costas. Do que vi nesta reportagem, o dinheiro extra ganho pelo comércio justo é aplicado em electricidade, ou novos telhados, ou na reforma dos trabalhadores.

O que é que eu posso fazer?
Acho que neste caso, deixar de consumir chá não é uma boa solução (ao contrário da carne, ver etiqueta: consumo sustentável). Mas posso comprar chá orgânico (sem pesticidas, que prejudicam muito mais os trabalhadores que os aplicam que os consumidores) e proveniente de comércio justo, que apesar de ainda não ser o que eu considero justo, está um passo mais perto que o comércio com as grandes multinacionais como a Lipton.
 Não posso é fechar os olhos para a realidade das pessoas que produzem aquilo que eu consumo, nem para as condições de vida de pessoas que vivem no Sri Lanka, Bangladesh, Índia ou Quénia, porque apesar da distância também são próximos. "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." 

Recomendo o blogue da Raisa Rasheeka, sobre os trabalhadores das plantações de chá no Bangladesh.

2 comentários:

  1. Em alguns casos basta ver a origem do chá. Por exemplo, o chá japonês é produzido de uma forma muito mais sustentável, e com boas condições para os trabalhadores. Agora, todo o chá que é produzido em países do 3º mundo, o mais certo é ser de origens duviosas. A não ser os fair trade.

    Já agora, há chá cultivado em Portugal :)

    http://chagorreana.acores.com/

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  2. Os Açores são o único lugar onde se pode produzir chá na Europa. Já agora esta marca http://chagorreana.acores.com/ vende-se no Pingo Doce.

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